Todo fim de ano pede silêncio antes da lista.
Antes do check list.
Antes das promessas que a gente faz olhando para frente, mas que só fazem sentido quando olhamos para trás.
O saldo não é só o que foi riscado como concluído.
É também o que ficou pela metade.
O que doeu.
O que mudou a rota.
Sou grata pelo que se foi — porque precisou ir.
E pelo que ficou — porque resistiu.
Pelas conquistas que vieram com festa e pelas que chegaram quietinhas, quase tímidas, mas profundas.
Pelos dias alegres, pelos dias cansados, pelos dias em que só sobrevivi. Todos contam.
Houve mudança de hábitos.
De prato.
De ritmo.
De escolhas.
Qualidade de vida não chegou como milagre, chegou como decisão repetida. Dia após dia.
Agora, sentada no salão, unhas sendo feitas, cabelo sendo renovado, percebo: isso também é ritual.
Cuidar do que sustenta tudo.
Pausa merecida.
Espelho que devolve não só a imagem, mas a história inteira do ano.
Não foi perfeito.
Foi vivido.
E isso já é muito.
Que o próximo ano venha com menos cobrança e mais presença.
Menos promessa vazia e mais gratidão real.
Porque o verdadeiro saldo… é estar aqui. Inteira.