quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O que é "belo" para mim

           É estranho mais o céu aqui não é o mesmo para mim. Não há estrelas que possam confortar-me ou que me encante. Ao entardecer, ele está sempre sem vida, cores nebulosas; ah e a lua, não consigo vê-la.

          Talvez seja por isso que as pessoas andam tão sem sorriso, com semblante de desolação e... Quando procurei o que eu precisava eu fiquei bem melhor. Fui à praia, vi o mar, vi o céu, apesar de um pouco nublado, consegui ver a lua também.

         Talvez a cidade grande só lhe sirva quando precisamos crescer. Mas o que adianta se crescermos sem vermos as coisas belas? É claro que, o conceito de “belo” diverge para cada um. Enfim, ela lhe serve para sermos sozinhos, às vezes acompanhados de pessoas que não lhe verá ou lhe acompanhará todos os dias, que lhe trará saudades de muitos que passaram por você.

         A vida na cidade grande faz sentimentos desumanos e absurdos irem aos poucos se incorporando à cultura, e virarem características corriqueiras do povo. Um mendigo jogado no meio da rua, gritando de dor, não é mais motivo para que os pedestres interrompam suas caminhadas, ou se preocupem. As pessoas parecem estar cegas umas em relação às outras no meio de tanta correria.

        E correndo para quê? Para trabalhar, para chegar mais cedo ao destino, para chegar... Simplesmente chegar...

       Deveríamos estar correndo é para lembrarmos dos princípios e valores básicos, dos sentimentos verdadeiros, dos bons constumes, ou de contemplarmos o belo nas pequenas coisas, que deixamos a cidade grande engolir. E para resgatar alguma Utopia coletiva.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O sorriso de Papai

A vida é mesmo engraçada. Às vezes achamos que tudo vai dar certo, mas acontece tudo errado; outras vezes, estava tudo perdido, mas inexplicavelmente, o impossível acontece.
Cada dia que passa percebo mais que não sou eu a determinadora do meu futuro. Só tenho o hoje, só o hoje.
E como disse Santo Agostinho: “Tenho medo da graça que passa sem que eu perceba!”
Tenho medo de não aproveitar a graça, o tempo que me é dado: o hoje. Tenho medo de que as minhas falhas me impeçam de enxergar a beleza que está à minha volta e dentro de mim. Costumo dizer que meus medos somente o meu Senhor conhece.
E a cada dia peço insistentemente: “Senhor dê-me a graça de ser como Tu, porque não sou nada, sou imperfeita, Papai se Tu queres, eu quero”.
Tenho apenas o agora; o ontem já passou e nada posso fazer para mudá-lo e o amanhã ainda não chegou. Posso viver apenas o hoje, por isso escolho ver a beleza dos meus irmãos, das pessoas que estão ao meu redor, por mais curto que seja esse momento, como também aquelas que estão distantes, mas com o seu olhar cuida delas por mim; pessoas que eu preciso aprender a enxergar com outros olhos, transformando dificuldades em belezas.
Ainda que o mundo queira afirmar somente a “feiúra” nos erros, nas dificuldades e perdas, nos sofrimentos e desilusões, também nas pessoas, há sim beleza em cada situação, em cada pedra no caminho, em cada “não” que recebo, em cada pessoa que se foi – porque para estas eu devo ter a certeza de que ainda as verei.
Não posso apenas me prender nas belezas do passado. Lugares, pessoas e situações foram maravilhosos, experiências incríveis; no entanto, belezas que seguiram seu rumo, e eu o meu. Tenho medo de perder graças que possam passar por mi, sem que eu perceba.
Deus me permitiu viver tudo isso mas, meu olhar precisa estar fixo no hoje, na vontade d’Ele que se chama “hoje”.
É preciso um esforço consciente para não permitir que o sofrimento nos torne cegos à beleza da vida. Sempre é possível recuperar a alegria de viver. É por isso que, todos os dias ao acordar, gosto de imaginar como Papai sorria(primeiro abro a janela, escuto os pássaros, o barulho das folhas e olho para o céu – assim O vejo) e como Ele ainda ri de mim, das minhas inseguranças, dos erros que, muitas vezes, não consigo esquecer, mas que Ele há muito já apagou.
Quero que meu sorriso brilhe para aqueles que não vêem mais sentido em sorrir.

“Se, portanto, existe algum conforto em Cristo, alguma consolação no amor, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria, deixando-vos guiar pelos mesmos propósitos e pelo mesmo amor, em harmonia buscando a unidade” (FL 2,1).