A seguinte carta se refere a uma proposta de atividade de uma disciplina da universidade. O prof. nos propôs, após uma aula bastante interessante e rebatedora de reflexões, escrevermos uma carta aos representantes da ONU, bem como dos Direitos Humanos, sobre o tratamento recebido pelas mulheres muçulmanas.
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Natal, 12 de março de
2015
Aos Senhores e Senhoras da ONU e Direitos Humanos,
Não vivi a antiguidade,
nem tampouco épocas milenares relatados nos livros sagrados. Vivi e estou
vivendo dias de medo, repúdio, “desgosto” pela vida e pelo homem neste lugar chamado
Irã.
Vivo num
continente em que a mulher conquistou espaço através da luta sim, mas que me
vanglorio por isso. Foram conquistas e são ainda vitórias diárias contra o
preconceito e questões de gênero. E somos reconhecidas pelo nosso valor. Aqui,
no Irã, as mulheres não são tratadas como gente; não tem voz, não têm direitos
ou liberdade.
Pergunto-lhes até onde o poder, o dever e a palavra da ONU e
dos Direitos Humanos podem chegar? Aqui, nada chegou.
E elas não
são Humanas? Não merecem respeito ou atenção das autoridades, de segurança?
Para os homens daqui, não!
Eles vivem
e seguem suas vidas como alguém pediu que vivessem. Seguem normas, leis e
preceitos de que a mulher é objeto, submissa. Nada são.
Eu sei que
os Senhores podem tomar providências, pode mudar o que vem tentando mudar. O
que falta para isso? Não há justificativas. O dever é claro: lutar, defender o
direito do homem, e isso cabe a todas as nações – sem distinção de cultura,
credo ou cor.
Somos
humanos. Elas, estas mulheres são humanas também.
Não consigo
compreender a ideia de que o futuro não chegou para elas. O futuro, o presente
século XXI está aqui – mas o passado às destrói.
Vejo nos
olhares encobertos, o medo. Vejo todos os dias mulheres apressadas e
cabisbaixas. Meninas e mulheres que não falam – mas expressam no olhar o
silêncio de um grito de socorro.
Não sei até
quando. Respondam-me, até quando irá persistir tal injustiça?
Aqui, eu
não sinto medo. O meu sentimento é de incapacidade.
Qual o de vocês?
Grata,
Elisângela Feitosa.