segunda-feira, 23 de maio de 2016

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Comer, rezar amar - Resenha filme

Comer, rezar amar
Alguma vez na vida ouvimos e também já dissemos qual a nossa palavra, nossa música ou sei lá o quê, que representava para aquela pessoa/para nós. Um exemplo: sabe qual meu filme? “Comer, rezar amar”.
Eu poderia dizer também qual a minha palavra... Mas, eu não sei. Assim como a Liz que, estava perdida quando esteve em Roma. Enquanto todos diziam sua palavra ou qual seria a palavra de determinado lugar... Ela só sabia dizer quem ela foi um dia e quem ela era ou como ela era vista e/ou conhecida.
Comer, rezar e amar é um filme do gênero drama e fora lançado em outubro de 2010. É também um livro da autora Elizabeth Gilbert (o qual irei ler, sim acabei de baixar ele em PDF!).
Liz ou Elizabeth é escritora, casada e não tem filhos (mas não por sua escolha, o filme deixa claro, quando em uma conversa com sua amiga, o quanto ela sempre quis ter filhos, os dois tentaram por muito tempo). Contudo, Liz é apenas uma escritora e que tem sonhos bem íntimos, os quais guarda em sua “caixa”. Sim, ela tem uma caixa de fotos e curiosidades sobre os países/lugares em que ela deseja ir antes de morrer! Ela escreve artigos sobre os lugares que já conheceu. A trama de início mostra Liz abatida e confusa em sua vida profissional, amorosa e também pessoal. Ela já não suporta ou não entende o andar de sua vida. E, cada vez mais se sente só e sem respostas.
É tocante e inesquecível... sim é essa a palavra, “i n e s q u e c í v e l” as frases marcantes em que Liz por vezes é a narradora de sua vida ou trajetória. Sem falar na trilha sonora, primeiro um tom ‘nova-iorquino’, depois indiano, depois italiano e por fim, indiano de novo.
Em uma noite qualquer, Liz em sua casa se sente perdida... Ela então começa a conversar com Deus. Liz não tinha crença alguma, o filme deixa isso claro. Mas ela se entrega a isso e implora por uma resposta e que Deus a escute. Ela então volta para sua cama e diz ao homem (seu companheiro de quase 15 anos) com quem está casada há 1 ano que não quer continuar casada! E então começa o sofrimento (a parte ruim da separação: divorcio e sentimento de culpa).
Liz conhece um jovem ator, de 28 anos que estava a encenar um de seus livros. Ela se apaixona por David e alí se entrega por inteira.
Mas, não seria um drama se acabasse assim – felizes para sempre.
Há 6 meses atrás – Liz estava em Bali, onde conversava com um Monge que leu sua mão e disse: “você terá dois relacionamentos, um longo e um curto”.  Sim, era uma profecia! E ela estava se cumprindo.
Liz não durou muito tempo ao lado do David. E tudo estava exatamente acontecendo – assim como o Monge havia lhe dito.
Liz resolve viajar para Itália à procura de se encontrar. Encontrar a si mesma e seu equilíbrio.
Liz conhece várias pessoas e se diverte como nunca! Mas ainda não sentia feliz como demonstrava à todos. Seu próximo destino foi a Índia. Conheceu com mais afinco a espiritualidade da Guru. Foi onde ela se encontrou e encontrou Deus. Foi onde ela pôde enxergar além de si mesma e ainda perdoar-se.
Ela entendeu que “Há momentos que temos de procurar o tipo de cura e paz que só podem vir da solidão.”
Ela aprendeu a lidar com sua solidão. “Aprenda a lidar com a solidão. Aprenda a conhecer a solidão. Acostume-se a ela, pela primeira vez na sua vida. Bem-vinda à experiência humana. Mas nunca mais use o corpo ou as emoções de outra pessoa como um modo de satisfazer seus próprios anseios não realizados.”
E assim como o Monge havia profetizado – ela voltou a Bali. E lá conheceu um novo amor. Não foi fácil para perceber isso tampouco deixar-se amar novamente.
O Monge lhe disse: “Às vezes, perder o equilíbrio por amor, faz parte de viver a vida em equilíbrio.” E foi ai que Liz percebeu o que a vida havia lhe reservado.
Ela conheceu Felipe. Um homem maduro e que também era recém divorciado. Por um acaso e por ironia do destino, eles se conheceram da forma menos previsível e incomum – ele a atropelara quando vinha em seu carro e por descuido jogou Liz e sua bicicleta para longe!
Liz foi capaz de “Acreditar no amor de novo”.
Liz encontrou-se na meditação e nos ensinamentos do Monge Ketut, na pureza das pessoas as quais deixou-se envolver-se como a curandeira e sua filha Tutti. Liz demonstrou amizade, respeito, companheirismo, carinho, fidelidade, compaixão amor a todos que conheceu durante um ano viajando e, foi assim que encontrou a si mesma.
Comer, rezar e amar é um filme longo, são mais 2 horas inteiras de pura viajem por culturas diferentes, crença e espiritualidade, pessoas diferentes, músicas de te fazer sentir-se lá... do outro lado da “telinha”. Um filme que sim, tem muita comida e que te faz querer comer enquanto assiste. É também um filme emocionante e confortador – porque passamos a refletir em muitas, muitas coisas.
Sim, este é o meu filme. Eu pude me ver em um bocado de coisas! Espero que você também assista e possa tirar algo dele, algo de bom.
[Irei ler o livro. Posso dizer que estou ansiosa para começar...Já vi que tenho 406 páginas pela frente!]


quinta-feira, 19 de maio de 2016

Mais um daqueles filmes que tem muito, mas muito a nos ensinar!

Frases do filme: Comer, rezar e amar

"Merecemos mais do que ficar juntos por termos medo de sermos destruídos se não ficarmos."

"Acredite no amor de novo."

"Às vezes, perder o equilíbrio por amor, faz parte de viver a vida em equilíbrio."

"Ter um filho é como fazer uma tatuagem na cara. Você precisa realmente ter certeza de que é isso que você quer antes de se comprometer.”

“As pessoas acham que a alma gêmea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gêmea é um espelho: a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo, para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gêmea para sempre? Não! Dói demais. As almas gêmeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesma, e depois vão embora. “

“Aprenda a lidar com a solidão. Aprenda a conhecer a solidão. Acostume-se a ela, pela primeira vez na sua vida. Bem-vinda à experiência humana. Mas nunca mais use o corpo ou as emoções de outra pessoa como um modo de satisfazer seus próprios anseios não realizados."

“Galopamos pela vida como artistas de circo, equilibrados em dois cavalos que correm lado a lado a toda velocidade – com um pé sobre o cavalo chamado ‘destino’, e o outro sobre o cavalo chamado ‘livre arbítrio’. E a pergunta que você precisa fazer todos os dias é: qual dos cavalos é qual? Com qual cavalo devo parar de me preocupar, porque ele não esta sob meu controle, e qual deles preciso guiar com esforço concentrado.”

“Imagine que o universo é uma imensa máquina giratória. Você quer ficar perto do centro da máquina – bem no eixo da roda -, e não nas extremidades, onde os giros são mais violentos, onde você pode se assustar e enlouquecer. O eixo da calma fica no seu coração. É aí que Deus reside dentro de você. Então, pare de procurar respostas no mundo. Simplesmente retorne sempre ao centro, e sempre vai encontrar a paz.”

"Há momentos que temos de procurar o tipo de cura e paz que só podem vir da solidão."

"É melhor viver o seu próprio destino de forma imperfeita do que viver a imitação da vida de outra pessoa com perfeição."

"O importante e' viver e ser feliz mesmo que isso signifique deixar tudo pra trás e recomeçar,pois na vida e no amor as conquistas são feitas todos os dias."

‎"O local de descanso da mente é o coração. A única coisa que a mente escuta o dia inteiro são sinos dobrando, barulho e discussão, e tudo que ela quer é tranqüilidade. O único lugar em que a mente vai encontrar paz é dentro do silêncio do coração. É para lá que você tem de ir." Monge para Liz Gilbert

Fonte: http://umpoucodessaviagem.blogspot.com.br/2013/08/frases-do-filme-comerrezar-e-amar.html?m=1

domingo, 15 de maio de 2016

Escutatória Ou o silêncio como alimento - Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Parafraseio Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma". Não aguentamos ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor: "Se eu fosse você..." Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: "Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas".

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos. Foi trabalhar num programa social com os índios. Contou-me sua experiência. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Todos à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.

Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou." E assim vai a reunião.

Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos, passei uma semana num mosteiro na Suíça. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda.
Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz aonde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminada por
algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em "U" definiam um espaço vazio onde quem quisesse podia sentar numa almofada. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. 

Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá
para se alimentar de silêncio. E comecei a me alimentar de silêncio também...


Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/160/artigo234825-1.asp Acesso em 15/05/2016.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Maneira de amar - Carlos Drummond de Andrade

Conhece o texto “maneira de amar”, de Drummond?

(dê play no vídeo)


“O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. "Você o tratava mal, agora está arrependido?" "Não, respondeu, estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. É minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava".”