sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Barbeiro só às terças-feiras

      O Sr. T faz a barba às terças. Isso não é só um pretexto para ir ao barbeiro, já que confortável ele não fica, naquela minúscula cadeira -  é que ele é mesmo desajeitado com isso. 
    O engraçado é que todos (aqueles que são mais próximo) sabem quando o barbeiro não pôde atendê-lo. Ele chega com rosto pintado, isso não quer dizer que um de seus 7 netos o riscou de canetinha vermelha, tampouco que ele se rabiscou por pressa quando desligava o telefone, quando numa tardinha de terça o Sr. Barbeiro lhe deu um “não”, naquela semana.
       Mas o Sr. T descobriu uma maneira fácil de fazer sua barba... apesar da raiva que ficou daquele barbeiro, por não atendê-lo.
Com calma e confiança foi capaz de dizer: sim, hoje é nosso dia dona querida lâmina. E assim, começou aquela luta, ou melhor, estava numa boa relação, para sua surpresa - com a lâmina de barbear. Ele resolveu que seria capaz, porque lembrou de quando ficava atrás da porta vendo seu pai fazer a barba!
– o que foi menino, nunca viu alguém se barbear?!
O Sr. T com sua ingenuidade de menino de oito anos e meio, poderia ter dito “claro que não vi, por isso estou aqui olhando para aprender”.
O pai do Sr. T lhe tacando espuma no rosto, disse bruscamente com aquele jeito grosso de ser:
- Pois vamos fazer isso, agora mesmo!
E foi quando o Sr. T saiu daquela pia de pedra, feliz da vida com seu minúsculo espelho e a lâmina em sua mão!
- Agora sou um homem! Sei até fazer a barba!
      Do lado de cá, o Sr. T pensa consigo, “porque tenho que ir ao barbeiro, se tive o melhor barbeiro em minha vida?” O Sr. T naquele dia foi feliz com sua lâmina, ele teve calma, respirou, recordou-se do passo a passo e começou aquela jornada de 'auto barbear-se'. Fizera tudo como seu velho ensinara. Nenhum corte sequer... Nada que pudéssemos ousar duvidar que não foi o barbeiro que havia lhe atendido numa terça-feira, costumeiramente no fim do expediente às 20h. Àquele que há tanto tempo fizera o papel de seu pai e, cada vez mais apagava aquelas pulcras lembranças de outrora.
      Ele percebeu então, que com o passar do tempo, podemos levar algumas de nossas aprendizagens ou raízes ou momentos únicos ao lado de pessoas queridas para a zona do esquecimento, apenas pelo simples fato de estarmos atarefados demais!
        O Sr. T ia ao barbeiro às terças, pois era o horário que dava certo. Mas então ele percebeu que, acordando cedo na terça, ou dormindo um pouco mais tarde na segunda, ele poderia fazer sua barba ali no seu próprio espaço, com sua própria espuma, lâmina e esplho. Ele poderia tirar aquele tempo para isso, porque certamente ele estaria na terça, naquela barbearia, cansado de um dia exaustivo, ouvindo gente chata, vendo uma programação enfadonha na TV do Sr. Barbeiro e ainda, não estaria ao menos tendo um tempo para si, um tempo sozinho consigo mesmo, ou com as lembranças suas e com a amiga lâmina.

O Sr. T me contava isso, todo cheio de orgulho porque encontrou a melhor forma de fazer a barba - e já era boca da noite de um céu lindo e estrelado.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Pessoas que vibram

Gosto de pessoas que vibram, que não há que empurrá-las, que não se precisa dizer o que

 fazer, se não que sabem o que se tem que fazer e o fazem.

Eu gosto das pessoas justas com a sua gente e consigo mesmas, mas só aquelas que

 compreendem que somos humanos e que podemos nos equivocar [...]"


– Mario Benedetti

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Nina

       Minha sobrinha Catarina, costuma dizer toda vez que se despede de mim: “até amanhã não, titia. Até mais tarde!
Será que minha pequena Cacá está querendo me dizer com isso, que o futuro é mais tarde? 
        Catarina, sábia Catarina da tia... tentando me dizer que preciso viver o hoje, pensando ou não naquele futuro, apenas viver intensamente?!
     Então, agradeço a Catarina, por me mostrar a cada dia o seu mundinho e de sua sabedoria em me dizer que ‘o amanhã é mais tarde’. 

sábado, 23 de setembro de 2017

Amor

[...] Então, do amor a gente não precisa pensar que se trata de eventos/intensidade, mas consistência. Disso consiste, achar que, permitir a alegria e o desejo de felicidade, saber o sentido da vida, a conquista do melhor nas pessoas e também dar o nosso melhor as pessoas e a tudo que propomos fazer - o bem querer àqueles mais próximos, o respeito, partilha, cuidado, esperança na mudança daqueles a quem temos apreço... é um ato de amor, tudo isto é amar. Daí eu penso, que se é para se estar aqui há de ser para valer, tem-se que buscar a alegria e permanecer na fé. No mais, que seja assim, que nunca me falte estes momentos que possam confortar a alma.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Era uma vez - Kell Smith


"... é só não permitir que a maldade do mundo te pareça normal."

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Sobre a passagem de ano

Dia desses, eu refletia sobre isso da gente envelhecer – eu não falo somente do físico, mas esse conjunto de coisas, inclusive a passagem dos anos. Eu pensava: “que se a passagem do ano é inevitável, envelhecer é minha escolha”.
 Tipo isso: se eu recuso me abrir ao novo, as possibilidades, àquilo de que me deixa viva/o, ou ainda quando evito descobrir/saber o que me fará feliz e completa/o; recuso ser uma pessoa saudável e que se preocupa com o bem estar físico e também mental; se por acaso sou alguém que simplesmente parou no tempo, seja para novos conhecimentos, novos conceitos, a aceitar, que só reclama e reclama, que aponta os erros dos outros e que dá ibope a maldade, que não consegue tolerar e compreender a diversidade enfim, se sou alguém que se orgulha de ser mesquinha/o, orgulhosa/o, intolerante, fechada/o ao novo. Isso pode sim, de fato envelhecer qualquer máquina que parou no tempo, e não há nenhuma fórmula ou algo parecido com o “Caso de Benjamin Button” – história de um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que o tempo passa.
Parece algo fictício demais, não é? Contudo, essa síndrome existe, chama-se Progeria. Porém, diferente do filme em que o personagem regride sua idade, quem tem essa doença rara não irá regredir.
As vezes alguém tem que chegar ou até mesmo algo tem que acontecer, para enfim percebermos que na verdade não podemos permanecer intactos ao tempo e/ou a esta misteriosa e encantada passagem do tempo. Percebe como tudo isso as vezes passa por nós e, por vezes, nem nos damos conta do quanto envelhecemos quando não aceitamos reconhecer nossa maturidade e aprendemos com erros e acertos; com quedas e sucessos; quando negamos a autoavaliação; quando permitimos certas noções inibirem quem somos, quem desejamos ser; quando permitimos nos moldar com essas tantas coisas que dizem e que a mídia nos põe a frente.
Gosto de pesquisar sobre certas indagações minhas, isto é, quando longe de mim há alguém que queira responder ou discutir sobre algo, vou ao Google.
Procurava pela definição de Calendário:
Def.: “Calendário é um sistema para contagem e agrupamento de dias que visa a atender principalmente às necessidades civis e religiosas de uma cultura. A palavra deriva do latim calendarium, "livro de registro", que, por sua vez, deriva de calendae, que indicava o primeiro dia de um mês romano.
É interessante pensar que tal invenção marca e controla, de certa forma, nossa vida. A cultura diz que é assim... então farei isto e aquilo!.
Percebe o quanto isso é notório? Isso de seguirmos regras, pré-noções e parece que passamos a levar isto por toda a vida. O processo de perceber que somos livres, autônomos, independentes é demorado e as vezes nem acontece.
Essa semana, voltou aquela onda de mensagens via WhatsApp sobre as coisas de 10-20 anos atrás. Tipo as brincadeiras, jogos, objetos enfim. As pessoas comentavam “ah, como isso era bom!”, “ah, os tempos mudaram...", ou ainda, “nossa, as coisas era tão diferentes de hoje em dia, queria isso novamente”.
É engraçado como as pessoas repetem isto, este tipo de discurso como se as coisas atuais, não valessem a pena, ou como se nada que fizemos ou evoluímos merece admiração e reconhecimento. Se fecham a mudanças, ao novo, a descobertas, ao essencial de cada coisa – quando reproduzem certos conceitos/preconceitos. Porque o mundo tem que ser igual se mudamos a cada dia? Hoje não sou a mesma que ontem, concorda? Seria estranho se eu fosse  - estamos em constante mudança e, não pode ser diferente com as coisas a nosso redor!
Só queria dizer que ainda há tempo.
Ainda podemos mudar e modificar esse jeito de pensar. O modo como encaramos as coisas, os desafios, as possibilidades e oportunidades. Encarar até mesmo essa mídia mesquinha que lhe diz que você precisa ser isso e aquilo. Encarar essa cultura de ódio ao diferente e a tolerar a diversidade de cultura, religião, orientação sexual, identidade e genêro - a aceitar as pessoas no seu modo de ser e pensar. Ainda há tempo de não esperar o tempo passar. De descobrir, redescobri e reinventar nossa própria vida, nossos relacionamentos em sociedade, nossos sonhos e objetivos, nossos planos.
Fiz 24 anos hoje. São, deste modo – de acordo com essa coisa chamada calendário: 288 meses, equivalente a 8760 dias) acertando e errando, por vezes caindo, mas também seguindo aquilo que acredito que vale a pena, amadurecendo, aprendendo, sonhando, conquistando, buscando o conhecimento e por vezes disseminando um pouco dele, procurando  enxergar os detalhes de cada coisa que realmente importa, amando e cuidado, (me) descobrindo e redescobrindo - reinventando, enfim estou por aqui e sou grata a isso.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Fios de luz

Todo dia, indagada sobre o que quero propagar no mundo, escolho propagar o amor, a beleza, o bom humor, as imensas coisas pequeninas bordadas com fios de luz no tecido áspero do cotidiano, em vez do medo, que conta com propagadores demais. Não significa que necessariamente eu esteja nestes lugares toda vez que os propago, mas que acredito neles. Que acredito que prevalecerão, também em mim.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Olhar viçoso

A vida pode ficar muito pequena quando olhamos para ela com
o olhar estreito. O tédio acontece quando nos afastamos da capacidade de nos encantarmos com as coisas mais simples do mundo. Porque para se estar aqui com um pouco que seja de conforto na alma há que se ter riso. Há que se ter fé. Há que se ter a poesia dos afetos. Há que se ter um olhar viçoso. E muita criatividade.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Não faz mal

Não faz mal se nos atrapalhamos nas páginas já viradas, se nos faltou inspiração e criatividade em tantos parágrafos, se escrevemos tantas coisas que, relendo, agora, parecem não ter sentido. O bacana da vida é essa oportunidade preciosa, reinaugurada a cada instante, de recomeçar exatamente do lugar onde estamos.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Bodas de abraços

Houve um tempo que pensava que a intensidade era o que bastava. A gente tem essa mania de achar que as coisas devem ser iguais para todos - se vê num livro ou filme achamos que os romances devem ser taxativos ou que devemos seguir certos 'modelos'. Esquece que cada um é cada um, e portando, cada par é único. 
Com um tempo percebe que não são as 'visualizações e likes' que dizem que aquele momento foi especial, uma vez que 107 pessoas curtiram! Por vezes, eles nem curtem só por achar que estariam de olho gordo na felicidade do outro.
Bom mesmo é quando nos damos conta de que não é essa intensidade, essa propagação de felicidade​, essa vida levada na modinha e exposição que vai dizer que somos felizes. E sim a consistência. 
Veja, descubro que o amo toda vez que vai a geladeira tomar água e já vem com um copo para me dá, sem nem eu ter pedido; ou se tu tens um dia maravilhoso e, no fim dele, falo do meu péssimo dia... Mas você nem me conta o quanto o seu foi maravilhoso, apenas escuta o meu; não posso dizer exatamente quando foi que comecei a ama-lo. Porque não foi uma coisa.. foi o acúmulo de todas as pequenas coisas. Como se eu acordasse um dia e pressionasse um botão e descubro: pronto, eu o amo.
Então, não se trata de eventos, intensidade, mas consistência. 
A gente só constrói isto quando deixa de lado todas essas coisas fúteis que o mundo nos quer mostrar, nos viciar, igualar, nos aprisionar e ditar o que devemos fazer, como devemos levar a vida, o relacionamento. 
Eu só queria dizer, meu amor, obrigada! 
Porque você é o companheiro de que me orgulho em dizer que sou feliz e, tenho sido feliz pois sei que o tenho ao meu lado. 
Feliz dia 13 , feliz 4.2 (bodas de abraços) sinta-se abraçado nesta manhã de terça-feira e todos os dias em que essa distância nos lembrar que somos bem mais fortes!

Amo você, vida!

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Escritos de Ana Jácomo

Nunca lhe falei da minha paixão, mas ele deve ter ouvido alguns segredos que os meus olhos, traiçoeiros, deixaram escapar nas raras vezes que permiti tocarem os dele. Deve ter percebido a palidez que vestia meu rosto ao encontrá-lo. Depois, o rubor. As palavras trôpegas, desconexas, tentando achar o caminho da lógica. Aquele texto inadequado para o contexto que a gente diz e depois, ao relembrar, faz um muxoxo, balança a cabeça aborrecidamente, e diz pra si mesmo: “Ai, meu Deus!…”
Deve ter ouvido o meu riso desafinado, que em algumas circunstâncias era motivado apenas pelo nervosismo. O outro falando de uma coisa que não tem graça nenhuma e a gente rindo, sem poder explicar a aparente esquisitice. Deve ter ouvido a mão gelada que apertava a dele levemente para não ser desmascarada. E aquele ar meio patético que as pessoas costumam ter quando se apaixonam. A boca é o que menos fala no corpo. Imagino que deve ter ouvido algumas dessas vozes que falavam em mim sem que eu pudesse contê-las. 
Mas, ainda que tenha ouvido, não ouviu tudo. Não soube que eu inventava os pretextos menos criativos para vê-lo. Que planejava a maioria dos encontros que eu chamava de coincidências. Que antes de ir até onde ele estava, passava mais perfume que de costume. Mudava, várias vezes, a roupa, o batom, o humor. Enchia a boca com balas de hortelã. Ficava incontáveis minutos em frente do espelho, procurando o melhor ângulo, o melhor sorriso, a melhor expressão de surpresa. Ensaiava, em vão, como agiria quando o encontrasse: o cumprimento, os gestos, as palavras. Todo um roteiro meticulosamente estudado para ser traído, em poucos segundos, pela inabilidade que me dominava ao me flagrar diante dele. Aquele esforço sobre-humano para aparentar serenidade com uma escola de samba desfilando no coração.
Nunca soube que, depois de encontrá-lo, relembrava cada detalhe durante todas as horas que antecediam o próximo encontro. A rota que seus olhos percorreram, cada movimento, cada vírgula da sua fala, cada nuance de entonação. Era como se eu quisesse descobrir alguma possibilidade de correspondência. Ainda que pequena. Ainda que remota. Relembrar também era uma forma de senti-lo perto de mim de novo e de poder olhar para ele sem reserva, sem cautela, debruçada na janela da minha imaginação.
Mesmo que tenha suspeitado de que eu sentia algo, não descobriu tudo. Não descobriu que seu riso era a canção de que eu mais gostava. Que sussurrava seu nome repetidas vezes, e com tanta delicadeza, que ele bailava nos meus ouvidos como um poema. Um mantra. Uma música. Que eu queria conhecer o lugar onde os seus sonhos moravam para poder acordá-los, vez ou outra, quando adormecessem. Que em alguns momentos, no auge da minha ilusão, senti vontade de pedir que jogássemos as armas no chão para que nossas mãos pudessem se encontrar.
Nunca descobriu que escrevi versos que não lhe mostrei e cartas que jamais entregaria. Que muitas vezes, a pedido do meu coração, liguei apenas para ouvir sua voz dizer alô e desliguei sem uma única palavra. Que fantasiei delícias. Que cantei todas as músicas de amor que eu sabia lembrando dele. Que lembrava ao acordar. Que adormecia lembrando. Que lembrava tanto que achava ter enlouquecido,  ô troço obsessor essa tal de paixão! E que, às vezes, lembrar doía, uma dor fina e morna crescendo no peito, como doem os sonhos que não acontecem e que a gente desconfia que não vão mais acontecer.

domingo, 14 de maio de 2017

Feliz dia das mães - feliz dia do amor mais puro

Acho que o cheiro de algo ou alguém é coisa difícil de esquecer. Não estou falando do perfume predileto da pessoa – falo de momentos e recordações que podem chegar a nós numa rapidez inexplicável! Talvez, tu possas lembrar-se de algo quando toca uma canção ou quando vem a memória certos acontecimentos, mas o cheiro, ah! A gente sabe o que ele causa em nós.
Tu conheces o cheiro de sua mãe? A gente sabe que mesmo não estando perto de sua mãe [fisicamente], sabemos reconhecer e trazer para nós aquele cheiro, talvez que tenha ficado no passado ou que tu aches que a vida lhe tirou, saiba que ela [a vida] não lhe tira de você, algo que permanece ou pode estar dentro de ti. A gente sabe que o cheiro de nossa mãe não é uma fragrância que se encontra no mercado ou na melhor loja de perfumaria, tampouco numa floricultura! Falo do cheiro que ela carrega, aquele que quando conhecemos assim que chegamos aos braços dela, pela vez primeira.
Sabe alma perfumada? É disso que falo, e é o que elas têm!
"[...] É cheiro de passarinho quando canta, de sol quando acorda ou de flor quando ri. Elas têm cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria todos os dias em sua presença! Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração".
É bonito isso de saber guardar os momentos... a gente nunca sabe quando vai poder viver aqueles instantes de novo. A minha mãe, por exemplo, fala de minha vó [a mãe dela] com tanta convicção de que ela nunca se foi, que até eu chego a sentir essa energia! Ela fala de lembranças boas, de alguns fatos engraçados de sua infância de como ela e seus irmãos foram criados, com os esforços e toda a dificuldade da época – e todas estas lembranças vem assim, carregadinhas de brandura e amor. Quisera eu, saber guardar estes tantos detalhes e saber contar a meus filhos também de como foi minha criação!
                Minha mãe não é uma pessoa de vícios, tirando o fato de que ela adora comer... posso dizer que ela também adora ganhar perfumes! Ela usa em todos os momentos – e eu perdi as contas de quantos ela usa por ano! Enquanto eu estou com um frasco há dois anos, ela está acabando o que ganhara mês passado! Mas é verdade... risos’
                Mas a gente sabe bem, 'distinguir' estes cheiros, eu aprendi qual o cheiro dela quando acorda, quando sente calor, quando dorme, quando me dá sua bênção todas as noites acompanhado de um beijo na bochecha.
                Nossa mãe talvez nunca perca este instinto materno [de quem cuida pra valer], espero que eu herde um  bocado disso!  Por mais que estejamos crescidos, ela ainda faz questão de preparar nossas refeições [não estou dizendo que ela põe nosso prato! Mas se usássemos mamadeira, ela com certeza estará ali para esfriar nosso leite, enquanto nos arrumamos] seria a mesma coisa se eu dissesse que ela põe o café na xícara para esfriar? :)
                Nesse dia das mães, eu sei o quanto ela gostaria de ter sua mãe por perto!
Não deve ser fácil, conviver com a ideia de não ter mais aquela em que mais cuidou da gente pertinho de nós! Sei que tem muita gente se perguntando hoje, por que nossas mães não são eternas? Estão sentindo hoje aquele aperto no peito – mas sei também que eles são fortes e sabem muito bem lembrar do cheiro de sua mãe, o qual faz recordar muitas coisas bonitas vividas juntos: os primeiros aprendizados, as primeiras palavras, das cantigas, as brincadeiras, os olhares de aprovação ou não, os ensinamentos de valores etc, tudo que foi absorvido durante a convivência.
                “Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia” e fazem a gente reviver tudo de mais lindo que conhecemos.
                Feliz dia das mães!
Feliz dia do amor mais puro!

*citações de Ana Jácomo

sexta-feira, 12 de maio de 2017

apolítica EU não sou

       Nunca defini bem do que este blog se trata. Mas por que fazer tal coisa? Além disso, eu não me imagino escrevendo sobre uma coisa apenas – sobre um algo específico (aqui no blog).
Mas, e se me fosse proposto isto, do que falaria eu? Sobre o amor, família, esporte, política, humor, cultura, viagens, novelas, fofocas, moda...? Uma infinidade de temas, cada um com sua relevância num mundo globalizado, em que as redes sociais têm tornado as pessoas, de todas as idades – superconectados, hiperconectados, multiconectados – sim, isto são palavras do Português que possuem prefixos e sim, elas querem dizer a mesma coisa: a geração das pessoas que estão/vivem conectadas com a Internet.
Todavia não é sobre isto que quero falar, em mais um texto. Contudo, deixo claro: eu falo/escrevo o que eu tiver pensando na hora, na semana. Algo que eu sinta necessidade de expressar mesmo! Não porque alguém pediu, ou porque é o assunto do momento! E, eu não quero ser arrogante dizendo isto, só estou querendo dizer que gosto de escrever assuntos que me despertam interesse e, que eu queira compartilhar. Também sou honesta em dizer que não me importaria de escrever sobre qualquer assunto ou algo que eu não conheça bem - me esforçaria e estou sempre em prontidão para conhecer  coisas novas. Tá bem? Ótimo.
            Sei que há poucos textos ou quase nenhum, neste blog, sobre política. Hoje quero falar sobre o assunto. Eu não levantarei aqui, nem uma sequer bandeira; também quero dizer que não sou ‘apolítica’.
Segundo definição do Google, o termo se refere a: “ (apolítico) que não é político, que não apresenta significado político; que não se interessa por política ou por ela tem aversão; aquele que não se interessa por política ou por ela tem aversão”.
Com tudo isso, é impossível não pensar no que vem ocorrendo com nosso país. Nos últimos meses ou melhor – há exatos um ano, nós brasileiros: ou nos calamos, ou fechamos ou olhos e ouvidos, ou discutimos, ou protestamos de alguma forma. Isto tudo pode ser feito de uma só vez também; ou nada disso ser feito ou até isto e mais, pode ser feito.
Do golpe às reformas. Do que falar primeiro?! Nem sei se isto merece uma ordem.
Quando falamos sobre política, não significa dizer que a pessoa gosta dela, aprova ou desdenha. Quando falamos de política, estamos também exercendo um direito nosso. Pois enquanto cidadãos também possuímos este direito de controle, de participação, de voz e expressão. É bem no início de nossa Constituição que fala sobre a participação: Art. 1º “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da desta Constituição”. A constituição é clara em dizer que, o [presente e futuro] da nação estão nas mãos do povo, isto é, através da participação dos cidadãos.
Quando ocorre, por motivos justificáveis e aceitos, uma mudança em leis, documentos sociais, etc e até na Constituição foi através da participação de representantes de grupos sociais. Desta forma, concluímos que reformas em que a sociedade não tem o direito de opinar, pensar, aceitar ou não é um ato inconstitucional.
Def. “Inconstitucional, que se opõe ou vai de encontro a constituição (reunião das leis que regem uma nação) de um país; contrário à constituição; anticonstitucional”.
Falando de protestos. Eu desprezo toda esta mídia televisiva que, mostra quase que um massacre as motivações e as forças que movem estes movimentos. Você assiste a TV e o que percebe nas notícias é o enfoque dado a “pessoas que vão as ruas fazer motim, baderna, atrapalhar o transito diário das pessoas”. Mostra ainda, os que vão encapuzados levando a violência e afrontando a segurança. Por quê?
Então a pessoa instruída a ver este tipo de mídia, apenas a concordar, e ouvir reportagens que mostram versões diferentes e no final dar àquele ‘boa noite e até amanhã...’, enfim como estas pessoas serão politizadas, como elas podem ter pensamento crítico do que ocorre com o país? Do que realmente está a acontecer com as reformas e propostas?
As ‘propostas prioritárias’ serão mudanças absurdas à toda a sociedade brasileira, principalmente às mulheres, aos negros, ao idoso, a população que tem pouco recurso. É sim, uma reforma baseada em mitos que se agarra numa ideia de “crise” da previdência – o que também é uma farsa.
As propostas prioritárias como a de congelamento de gastos de todas as áreas, incluindo a saúde e a educação que só poderão ser corrigidos pela inflação dos últimos 12 meses; a reforma da previdência que pretende criar uma idade mínima para aposentadoria de homens e mulheres tanto na iniciativa privada quanto na pública; a concessão de privatizações; as mudanças no ensino médio com modificações no currículo; a reforma trabalhista e a terceirização, tratando de regras de contratação e também da jornada de trabalho.
Percebe o quão estas mudanças mexem com a constituição? Sobretudo com direitos conquistados através dos movimentos sociais como a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) [que em muito ainda há falhas]; como os direitos trabalhistas trazidos por meio da CLT, a jornada de trabalho, as condições de trabalho [e ainda convivemos com denúncias de casos de escravidão no país]; sobre a reforma da previdência, o presidente falava de igualdade de gênero [ele quer igualar a idade para aposentadoria entre homens e mulheres], no entanto, essas desigualdades persistem com disparidade salários, as jornadas exaustivas tendo estas de lidar com trabalho e com os afazeres domésticos, e, será assim 25 anos de contribuição para ambos os sexos, além da alteração das regras de alguns benefício como o de Prestação Continuada(BPC) [salário mínimo para idosos acima de 65 anos em extrema pobreza e pessoas com deficiência, só será pago a partir dos 70 anos]; a educação nem se fala! A quem irá favorecer esta reforma do currículo?  “Em síntese, a formação dos jovens será dividida em duas fases. 1ª mantém as 13 disciplinas que hoje são obrigatórias. 2ª parte delas passa a ser facultativa com o objetivo de direcionar os estudos dos adolescentes para a formação profissional que ele desejar”. Ótimo! Mas e as escolas do interior... aquelas salas de aula multisseriadas, ou ainda aquelas escolas que a estrutura é péssima, onde não há cadeiras, quadro, giz, professores?
Mas isso ainda existe? Ah, é claro! Então, por que não reformar as escolas, os espaços educacionais? Por que não procurar entender o que está acontecendo nestas cidades, em que a educação não é eficaz? Por que não fiscalizar os repasses de verbas, os projetos que são propostos, a merenda que não chegou ainda? E o transporte para crianças e adolescentes irem da área rural a urbana, que deixa a desejar? Por que não valorizar o profissional da educação?
Há muito o que ser feito e não refeito/reformado.
Então, tem como ser imparcial diante de tudo isto? É sim, necessário falar de política – falar de nossos direitos é exercer a cidadania, portanto, defendê-los é nosso dever.