Esses dias fui pega de surpresa...
Certo dia numa aula de
pós-graduação, falei um pouco de minha vida e ainda, no final de tudo, ganhei
forças ao ouvir histórias daqueles que falavam de sonhos, realizações e superação também.
Deixe-me explicar melhor isso...
Trata-se de uma ‘arteterapia’. A
professora de uma dada disciplina, na aula anterior, nos deu uma lista de
materiais. Então na aula seguinte, explicara ela do que se tratava a atividade.
Antes disso, ouvimos uma história, o conto se chamava: “O homem que amava caixas”.
“Era uma vez um homem
O homem tinha um filho
O filho amava o homem
e o homem amava caixas.
Caixas grandes
caixas redondas
caixas pequenas
caixas altas
todos os tipos de caixas!
O homem tinha dificuldade em dizer ao filho que o
amava;
então, com suas caixas, ele começou a construir
coisas para seu filho.
Ele era perito em fazer castelos
e seus aviões sempre voavam...
a não ser, claro, que chovesse.
As caixas apareciam de repente, quando os amigos
chegavam, e, nessas caixas, eles brincavam...
e brincavam...
e brincavam.
A maioria das pessoas achava que o homem era muito
estranho.
Os velhos apontavam para ele.
As velhas olhavam zangadas para ele.
Seus vizinhos riam dele pelas costas.
Mas nada disso preocupava o homem,
porque ele sabia que tinham encontrado uma maneira
especial de compartilharem...
o amor de um pelo outro.”
Texto
de Stephen Michael Kin
Interessante, não é mesmo?
Nossa missão naquela manhã de sábado,
era trabalhar com todos aqueles materiais solicitados, na decoração de uma
caixa e, dentro dela iriamos projetar, ou melhor, expressar de alguma forma
nossos sonhos, objetivos, planos enfim, por ali dentro coisas que nos
definissem ou nos dessem vida!
Que tarefinha, hein?! Eu que,
dificilmente pego numa tesoura, cola etc, diferente de muitos colegas
profissionais ali na sala de aula (professores, educadores que lidam
diariamente com esse tipo de proposta). Mas enfim, fiz minha caixa, expressei
bem minha alegria nela, (risos). Dizem, por ai, de que sou uma artista! Ou
seria uma artesã discreta?!
Acredito
que o que fazemos, digo em relação a arte, mas serve para outras áreas também,
é reflexo do que temos dentro de nós. Pode ser as coisas que nunca falamos,
expressamos, deixamos transparecer! Não lembro quando foi a última vez que
participei, ou se participei de alguma ‘arteterapia’! Foi uma experiência muito
muito boa!
Falava-nos a professora que, “muitas
vezes estamos tão ocupados e correndo e apressados e adoecidos com nossa rotina
– acabamos esquecendo de nós, de cuidar de nós mesmos e nossos anseios,
pensamentos, ansiedade enfim”. E, foi mesmo bom para mim e para todos que se
envolveram. Compartilhamos materiais, interagimos uns com os outros,
conversamos enquanto construíamos nossas “caixas”... enquanto isso, ouvíamos “aquarela”
do Toquinho.
No final de tudo, todos
apresentaram suas caixas e falaram do que havia dentro dela.
E foi maravilhoso, ouvir e saber
mais daquelas pessoas com quem passei a conviver quinzenalmente, e, por
correria e a pressa que a vida nos trás, nos impossibilita de conhecer o outro além
de seu nome conversas rápidas pelo WhatsApp.
Um colega falava do quanto
estava sendo bom ouvir o outro – porque faz refletir sobre nossos problemas,
dificuldades, reclamações também (quando não agradecemos ou lutamos por aquilo
que queremos).
Não queria ser a última a
apresentar minha caixa, talvez não quisesse deixar meus colegas entediados ao
abrir minha ‘caixa de pandora’, porque já se passara da hora do almoço... Então
fui, e, em minha fala, mostrei a borboleta (um símbolo que me acompanha) e
disse o que significava para mim. Disse que ela estava fora da caixa, porque se
tratava de algo que lido todos os dias, a busca da autonomia e liberdade.
Expliquei o sentido disso para mim – gostaria de ter falado mais naquele dia.
Mas, falar de mim, não é algo fácil, vejo como algo desafiador! Mostrei uma
foto de meus pais, que estava comigo na agenda e aproveitei para colar na parte
interior da caixa. Falei ainda, de meus objetivos: passar em um concurso
público, realizar uma segunda graduação, fazer mestrado em serviço social,
lecionar, casar e ter dos filhos e publicar um livro.
Não falei tudo que queria - que
imaginava no meu silêncio, ao ouvir os outros falarem. Já um tanto emocionada
com algumas falas dos colegas, também me emocionei enquanto falava de mim.
Contudo foi bom estar ali naquela
manhã. Foi bom sentir o outro em suas histórias, seus sonhos, projetos, felicidades
e desilusões. Foi bom sentir àquele calor e àquela aproximação de sonhos e
desejos! Enquanto falavam de propósitos, também agradeciam pelo que eram, pelo
que se tornaram. Falavam de acontecimentos tristes e das alegrias diárias também.
Satisfatório, regozijante foi
estar ali – a arteterapia tem esse poder na gente, distinguindo-se
como método de tratamento para o desenvolvimento pessoal, traz a arte como
objeto para expressar o que há dentro de nós.
No final,
agradeci a professora por aquele momento.
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