Sabe das
surpresas boas que a vida lhe traz? Como que aquele fim de tardinha quando
você na casa da sua vó está e, ela começa te encher de mimos, doces e afagos...
É feito arco-íris numa chuva ou quase chuva. A vida as vezes lhe prega uma peça
de LEGO no mais perfeito encaixe porquê de repente, você conhece pessoas incríveis que
lhe ensina que na distância também se é possível segurar o laço!
Quando percebi já ensaiava,
em vão como que numa peça escrita a dedo, como agiria quando o encontrasse.
Aquele esforço sobre-humano para que eu aparentasse mais serena possível. E, de
tanto ensaiar pouco fiz ou falei. Mas foi o suficiente. Pude te ouvir.
Ele nem imagina que,
depois de vê-lo, eu relembrava cada detalhe da conversa, do caminho que que
seus olhos cor verde-avelã percorreram, cada movimento, cada vírgula da sua fala.
Relembrar também é uma
forma de senti-lo, porque a certeza que tenho é que a distância, o tempo, a
correria do dia a dia pode embaçar isto.
Uma das lembranças
mais vivas – os olhos gigantes, que quando fechados - era só calmaria naquele ser. Sabe, eu queria “conhecer
o lugar onde os seus sonhos moravam para poder acordá-los, vez ou outra, quando
adormecessem” e perguntar o que tu viu, o que pensavas (mesmo não sendo nada; mesmo só sendo bobagens ou um pensamento de casa, dos amigos, dos mais próximos.) Quero
que essa lembrança esteja sempre viva comigo.
Naquela noite, que
já era Lua cheia, não sabia o que brilhava mais, se a lua ou se seus olhos, porque foi tão bonito ouvi-lo falar de seu fascínio por Lucina e do que o satélite secundário representa
para você. E eu preciso dizer, que na
sua fala, no seu olhar há algo que é bonito e inconfundível com a alegria. ‘De
vida abraçada. De chuva quando beija a aridez. De lua quando é cheia e o céu
diz estrelas. Um cheiro da paz risonha do encontro que é bom’.
Tê-lo tão perto e
tão aberto a conversar, a falar de seus sonhos, de suas ideias, foi como que me
sentisse no seu mundo. Em algumas vezes, vi sua alma gritando por liberdade e
achei que aquilo fosse algo sério. Eu entendo o medo da rejeição. Já senti
isso, moço. O medo de não ser compreendido pelas ideias e pelo jeito de pensar
e agir.
Mas, se tem algo que
precisas fazer é não esquecer de sua essência e daquilo que te deixa vivo! Eu
falo daquilo que nos dá o mínimo motivo para sorrir, estar alegre, sentir-se
alegre. Eu posso até dizer que a fé e o seu jeito de falar de Deus é algo
fantástico! E, eu digo ainda, que talvez não falte muito para você se encontrar
– talvez apenas deixar de lado essa presa e essa capa que tenta cobrir seu
brilho: medo da rejeição por mostrar-se quem é, e a falta de motivação própria
para esbanjar sua sensibilidade e luz por ai com aquilo que sabes fazer.
São poucas as
pessoas que reconhecem o sol, a lua, as flores, o azul-verde-rosa-amarelo- lilás no
fim da tarde, lá no horizonte. São poucos também que conseguem falar de seu dia
a dia sem encher-se de orgulho ou soberba, todavia ser poeta e amante da
simplicidade enxergada em cada coisa através da arte.
Em cada ato de um
passante que nos olha e diz: vá devagar, mas não pare. Ou, de uma criança, que
diz sem nada dizer: sorria, pois dias melhores virão. Ou ainda, de um idoso que
te fala: você precisa viver – eu vivi, talvez não tenha feito de tudo, mas fiz
tudo que me fizesse sentir-se vivo.
Tu que gosta de
ficção científica, o grande autor Brian Aldiss te diz agora: “há dois tipos de
escritores: aqueles que fazem você pensar e aqueles que fazem você sonhar”. Sei
que já sabes qual o seu.
Ah, só mais uma coisa...
gente de coração gigante é como agulha no palheiro – quem encontrou na vida...
já sabe.