Ontem, meu filho de 5 anos foi campeão na sua primeira competição de karatê. O menino entrou no tatame como quem entra no quintal de casa: tranquilo, focado e cheio de energia. Saiu com a medalha no peito e o brilho nos olhos de quem acabou de descobrir que é capaz de muito mais do que imaginava. E eu, claro, ali na arquibancada, quase precisei de um desfibrilador para aguentar tanta emoção.
Hoje, porém, o campeão troca o quimono por um avental cirúrgico imaginário. É dia de postectomia — aquela cirurgia simples, que estima-se que até 20 a 25% dos meninos precisarão em algum momento da infância. Nada grave, mas ainda assim… é cirurgia, né? Para mãe, cirurgia nunca é “simples”.
E o meu pequeno campeão, de novo, mostrou força. Um chorinho leve de manhã, uns olhos marejados… mas nada que escondesse sua coragem. E, como bom estrategista de cinco anos, já tinha sua lista de recompensas pela bravura: Hot Wheels, pistas e carrinhos novos, Kinder Ovo e, claro, o melhor prêmio de todos — uns dias sem ir à escola.
Enquanto o vejo ali, sereno e forte, percebo que as crianças têm uma sabedoria que a gente perde ao crescer. Ele me ensina, sem saber, que é possível enfrentar o que assusta com leveza, que é permitido chorar e, ainda assim, ser corajoso. Ontem, ele me ensinou a lutar no tatame. Hoje, me ensina a lutar na vida.
E eu só posso agradecer. Porque, se a maternidade é um treino constante de paciência e resiliência, meus filhos são, sem dúvida, os melhores senseis que eu poderia ter.
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