Você anda apressado?
Seu dia parece curto demais?
Anda comendo rápido, falando rápido, vivendo rápido… como se estivesse sempre tentando pegar um ônibus que já arrancou da parada?
Outro dia, me peguei dizendo pela milésima vez: “Nossa, a semana passou voando!”
E logo em seguida pensei:
Mas quem está voando… é a semana, ou sou eu correndo atrás dela?
Há quem diga que é o tempo moderno, que tudo anda acelerado, que a vida pede pressa.
Mas a verdade é que a pressa não está no relógio, está em nós.
É essa mania de achar que, se pararmos um pouco, vamos ficar para trás — como se a vida fosse uma competição em que o troféu fosse apenas sobreviver ao mês.
Corremos para trabalhar.
Corremos para resolver.
Corremos para responder mensagem, para postar, para entregar, para provar, para não decepcionar.
E no meio dessa maratona sem medalha, esquecemos de viver.
Não é que o tempo esteja mais curto.
É que estamos enchendo cada minuto de tarefas, expectativas, metas, cobranças.
Estamos ocupando cada espacinho da agenda — e deixando vazios os espaços da alma.
A pressa se tornou hábito.
E o hábito virou identidade.
Mas quem foi que disse que precisamos ser rápidos para sermos completos?
Se a vida fosse realmente curta como dizem, por que insistimos em atravessá-la correndo?
Talvez a pergunta certa seja outra: o que estamos tentando evitar quando aceleramos?
O silêncio?
A solidão?
A reflexão que aparece quando paramos?
Ou o medo profundo de perceber que estamos cansados demais?
A pressa nunca foi sinal de produtividade.
Às vezes é só um jeito educado de esconder a exaustão.
E sabe o mais curioso?
Quando desaceleramos — mesmo que só por um minuto — percebemos que o tempo não voa, ele caminha.
Devagar.
Constante.
No passo que sempre teve.
Quem estava correndo éramos nós.
Então, da próxima vez que sentir tudo rápido demais, pare um pouco.
Um gole de café sem olhar para o celular já é um começo.
Uma respiração mais longa também serve.
Porque desacelerar não é perder tempo —
é recuperar o pedaço de vida que deixamos cair pelo caminho.
A vida não é curta.
Curto é o tempo que a gente realmente vive dentro dela.
