Aconteceu.
A revolução.
O renascimento.
A Era Pós-Pré-Treino™ deu tão certo que agora eu evoluí de fase e desbloqueei o item mais poderoso do jogo: meu relógio inteligente Amazfit — um pequeno oráculo preso ao meu pulso, pronto para narrar minha vida como se fosse um documentário da BBC.
De repente, eu, mãe de dois, estudante, trabalhadora, dona de casa, empreendedora e sobrevivente emocional, virei também uma pessoa que faz 10 mil passos por dia… ou finge que faz (porque o relógio vibra celebrando até quando eu balanço o braço para chamar as crianças).
O Amazfit tem uma função de estresse.
A função detecta o estresse.
A função mede o estresse.
E o estresse sou eu.
O relógio olha para mim como quem diz:
“Querida… respira. Eu tô vendo tudo daqui.”
E eu respondo mentalmente:
“Eu sei, Amazfit, eu sei. Mas você já tentou convencer uma criança de 3 anos de que meia não é opcional?”
Aí tem a função de ciclo menstrual.
O relógio sabe antes de mim.
Ele literalmente me avisa que estou sensível… e, veja só, eu realmente estou chorando porque acabou o café.
Ele olha meus hormônios e fala:
“Se prepara, amor. Hoje não é dia de discutir relação, escolher roupa ou fazer contas.”
E os passos?
Ele marca tudo.
Marca quando eu corro atrás do filho de 5 anos para ele não sair sem escovar os dentes.
Marca quando eu subo escada com mochila, lancheiras, cadernos, garrafinhas e dignidade na mão.
Marca até quando eu tenho que ir na cozinha buscar algo que eu mesma esqueci.
A função do sono…
Ah, essa é uma obra-prima da comédia.
Ela me diz:
“Seu sono foi leve.”
E eu fico pensando:
“Leve? Leve é pouco, meu anjo. Leve é peso de algodão. O que eu tive foi um cochilo interrompido 14 vezes por ‘mamãe, cadê meu dinossauro azul?’, ‘mamãe, posso beber água?’, ‘mamãe, você sabe que o Japão existe?’”
Mas o ponto alto dessa história toda é outro.
Eu M-U-D-E-I.
Zero álcool.
Alimentação decente.
Atividade física regular.
Suplementação.
Sono (quando dá).
E agora o relógio me ajudando a não fugir de mim mesma.
Eu comecei a ter tempo.
E fiz escolhas com esse tempo, escolhas que sempre deixei para depois porque a gente, mulher, mãe, estudante, trabalhadora, vira uma máquina de cuidar — e esquece da própria engrenagem.
Hoje, sou quase uma versão Marvel de mim mesma.
Uma super-heroína com tênis confortável, pré-treino na veia e um relógio que me julga carinhosamente.
E a sensação?
É de vitória.
De respiro.
De existir.
De não estar apenas vivendo por inércia.
Porque quando eu paro, no fim do dia, e o relógio vibra dizendo “meta alcançada”, sinto vontade de responder:
“Pois é, Amazfit…
A vida também.”
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