quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A frieza que te abarca




Eu não quero saber da frieza que você tem. Das vezes que posso contar com ela.  Você também não é obrigado a querer estar sempre ligado a ela. Ela te faz bem? Dá-te júbilo ao ser frio com os outros, com os sentimentos dos outros, com as tristezas dos outros?
Não saberia se você, homem, fostes sempre assim.
Por que você é assim? Primeiro diz que estás chateado e depois age friamente...? Eu não saberia dizer se o reconheço, porque para mim nunca fostes assim, nunca demostrara-se ser assim. Este não é o perfil de outrora.
Se um dia eu disser que não durmo enquanto não ouço tua voz, isso é verdade. Acredite.
Aliás, não espere que ele acredite. Somente diga. E se ele não da à mínima para isso, repita. Repita e repita quantas vezes puder. Ninguém é obrigado a conhecer o outro inteiramente, e isso é impossível, uma vez que nem nós mesmos nos conhecemos por completo, mas é possível mostrarmos um pouco a cada dia para um alguém.
Quer viver um amor que suporte tudo? Se você quer, tudo bem! Mas antes de acatar, faça esta mesma pergunta para o alguém. Certamente você ouvirá a mesma resposta. Não se anime por imediato, antes de olhar as expressões, o olhar, os movimentos de toda a face, e do corpo também (cruzar os braços é suspeito).
Uma vez, uma jovem enquanto estava em seu assento, no ônibus, uma senhora falava: “sinto saudades dele...”.  De súbito, ela retira o fone do ouvido e pergunta: “como, falou comigo?” De fato, ela estava a dizer algo que estava sentindo no devido momento, e continuou... “Meu esposo, se foi há quinze anos, e ainda lembro-me dele todos os dias, como se fosse ontem que nos conhecemos e passamos a se amar dia após dia, intensamente (...)”, e ainda disse: minha jovem, não acredite em paixão. “Ela é como a chama, um encanto, máscara viva que se vai, fácil”. A jovem sorriu e consentiu aquelas palavras. De relance olhou para ela e perguntou: “e quanto aos amores à distância, é possível?”. As últimas palavras ditas por ela e depois dali a jovem não conseguiu dizer mais nada, além de um ‘Obrigada’, “o destino é a ponte que você irá construir até a pessoa amada, isso não depende da intensidade e sim da concretude”.

Um comentário:

Unknown disse...

Inspirador e doce como a autora, uma leitura serena com requintes de sabedoria! Parabéns Elisângela!