— O que significa “não querer caber, liberta”?
Significa abandonar a necessidade de se moldar às expectativas alheias. É entender que não precisamos ser menores para agradar, não precisamos nos encaixar em padrões que não foram feitos por nós ou para nós. É o início de um voo, o rompimento de correntes invisíveis.
— Mas por que sentimos tanta necessidade de caber?
Porque fomos ensinadas assim. Como mulheres, crescemos ouvindo que devemos ser agradáveis, dóceis, discretas. Que devemos caber nos papéis que nos são impostos: a filha perfeita, a mãe incansável, a profissional exemplar, a amiga disponível. Aprendemos a nos diminuir para que os outros se sintam confortáveis.
— E o que acontece quando decidimos não caber?
Liberdade. A vida ganha cores que antes estavam apagadas. Passamos a ouvir nossa própria voz e a respeitá-la. É assustador no começo, claro, porque nem todos vão aceitar essa mudança. Mas é também libertador. De repente, percebemos que somos imparáveis, resilientes, e que nossa força está em sermos quem realmente somos.
— Não caber cansa?
Sim, às vezes. Ser mulher e não aceitar os limites impostos exige energia, coragem, e, muitas vezes, solidão. Mas cansa ainda mais viver tentando caber. O peso de ser quem não somos é maior do que o esforço de sermos autênticas.
— Como conciliar isso com o fato de que somos tantas coisas ao mesmo tempo?
A chave está em acolher todas as nossas facetas. Somos imparáveis, mas também humanas. Temos dias de força e dias de pausa. Não saber parar faz parte da nossa essência, mas precisamos lembrar que descansar também é uma forma de resistência. Ser resiliente não significa ser invulnerável, mas sim saber se refazer, se adaptar, se transformar.
— E se o mundo não gostar de quem nos tornamos?
Que assim seja. Não estamos aqui para caber nos moldes do mundo, mas para criar o nosso espaço, do nosso jeito. Quando paramos de nos preocupar em agradar, começamos a atrair quem realmente nos entende, quem respeita nossa liberdade e nossa autenticidade.
“Não querer caber, liberta.” E, ao nos libertarmos, descobrimos que somos muito maiores do que imaginávamos. Não fomos feitas para caber. Fomos feitas para transbordar.
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