Eu gostaria de começar com uma pergunta: você já parou para perceber a beleza que existe nas pequenas coisas do seu dia a dia? Falo sobre aquelas cenas que passam despercebidas enquanto estamos distraídos com a correria da vida. É sobre elas que eu quero falar hoje.
Pense em uma manhã comum, você acorda e o primeiro raio de sol atravessa a cortina, aquele calorzinho tocando o seu rosto. A sensação de uma xícara de café quente entre as mãos. O aroma que invade o ambiente. Ou o som do vento batendo nas folhas de uma árvore lá fora. Esses são pequenos momentos que podem facilmente passar batido, mas se pararmos para perceber, encontramos ali uma espécie de poesia silenciosa, uma felicidade que não precisa ser grandiosa para ser real.
Na vida, muitas vezes nos pegamos buscando o extraordinário. Queremos grandes acontecimentos, sucessos estrondosos, momentos de êxtase. Mas e se o segredo de viver bem estivesse justamente no contrário? No ordinário, no simples, naquilo que muitas vezes deixamos para trás na pressa de ser ou ter mais?
Amélie Poulain, do filme que inspira nosso encontro, tinha essa capacidade de transformar o comum em extraordinário. Ela vivia com um olhar atento ao mundo ao seu redor, encontrando beleza onde muitos veriam apenas banalidade. Ela mostrava que a vida, mesmo em sua aparente simplicidade, é cheia de possibilidades de encantamento.
Mas como podemos aplicar isso em nossas vidas? Como podemos, em meio à rotina, desacelerar e perceber a beleza das coisas simples? A resposta é: praticando a presença. Vivemos tempos de distrações constantes, de cobranças incessantes, onde somos levados a crer que precisamos estar sempre correndo, sempre fazendo algo. Mas, às vezes, o que realmente precisamos é parar. Respirar. Sentir.
Na próxima vez que você estiver caminhando, não olhe apenas para a frente. Observe o caminho. Veja as cores das flores, sinta o cheiro do ar, ouça o som da sua própria respiração. Quando estiver com alguém que ama, realmente esteja presente. Desligue o celular, olhe nos olhos, escute com atenção.
E se, por acaso, bater aquela sensação de que a vida poderia ser mais, que você deveria estar em outro lugar, fazendo algo diferente, lembre-se: a vida está acontecendo agora. Ela não está lá na frente, num futuro distante. Ela está no presente, no instante em que você ouve essas palavras, no ritmo do seu coração.
Que tal começarmos, então, a redescobrir o prazer de viver o agora? Porque, no fim das contas, a felicidade não é um destino. É uma coleção de pequenos instantes, momentos que podemos escolher saborear ou deixar passar.
Lembre-se: a vida é mais bonita quando olhamos para ela com os olhos da alma.