sábado, 7 de dezembro de 2024

Um sábado que não foi qualquer

 

Era um sábado morno, desses em que o tempo parece deslizar preguiçoso, mas traz pequenas surpresas. A mesa estava posta, simples, mas cheia de vida, como a nossa rotina com duas crianças pequenas exige. Nael e Naeli, meus pequenos de 4 e 2 anos, se sentaram para almoçar. Até aí, nada parecia diferente. Mas então veio o inusitado: eles comeram. Comeram com gosto. Sem distrações. Sem a bagunça habitual que nos faz suspirar e sorrir ao mesmo tempo.

Naquele dia, não houve tela ligada, nem carrinhos e bonecas escapando para debaixo da mesa. Havia apenas nós: a família, unida em volta de pratos coloridos e conversas amenas. Meu marido ajudava Naeli, equilibrando colheradas enquanto ela tentava segurar o garfo como uma grande menina. Eu ajudava Nael, ainda impressionada com sua paciência crescente. Sim, estavam crescendo. Estávamos todos.

Foi quando Nael, com seu jeito curioso e olhar iluminado, começou a falar do Natal. “Mamãe, como o Papai Noel vai passar pra deixar o presente na árvore? Ela tá tão apertada agora…”

Olhei para ele, surpresa com a lógica e o olhar atento às mudanças do mundo à sua volta. A árvore, é verdade, tinha sido deslocada para um canto mais discreto da sala, menos glamourosa do que em anos anteriores. Respondi com um sorriso:

“Ah, filho, o Papai Noel sempre encontra um jeito. Ele é esperto e sabe se adaptar, assim como a gente.”

Naeli, mesmo sem entender toda a conversa, riu. Talvez risse do irmão, talvez risse de nós, os adultos, com nossas histórias e improvisos. O pai riu junto, e ali estávamos: todos em sintonia, sem pressa, sem pressões.

Era um almoço, como tantos outros. Mas naquele momento, o tempo pareceu nos conceder uma pausa. Uma chance de enxergar o que, no meio do caos cotidiano, às vezes passa despercebido: a conexão simples e profunda que nos une.

Os pratos se esvaziaram. As crianças voltaram a correr pela casa, como deveriam, espalhando risos e energia. E eu fiquei ali por uns instantes, ainda sentada à mesa, olhando a árvore no canto da sala e pensando que, sim, Papai Noel acharia um jeito. Sempre achamos.

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