Hoje, mais uma prova.
Python. E o conteúdo? Listas, tuplas, dicionários, conjuntos e funções.
Ou, como eu gosto de chamar: as cinco fases do desespero digital.
Lá estava eu, encarando a tela como quem encara um quebra-cabeça de mil peças sem figura de referência.
O professor dizia: “pensem logicamente”.
Lógica. Essa palavra devia vir com bula — tipo remédio controlado.
Enquanto tentava entender o que raios uma tupla faz da vida, pensei:
eu sou mãe de dois — três e cinco anos! Já resolvo brigas, almoço, banho e trauma infantil em menos de quinze minutos. Como é que eu não consigo resolver um dicionário?
E lá estava o Python, debochando de mim.
O código não rodava, o for loop girava em falso, e as listas… ah, as listas!
Listas eu tenho várias: de compras, de tarefas, de coisas que esqueci de fazer.
Mas essa, a do Python, simplesmente não colaborava.
A verdade é que aprender programação depois da maternidade é tipo tentar meditar no meio de um parque de diversões.
Você quer foco, mas alguém grita “mamãe, limpa aqui!” e o raciocínio lógico se muda pra outro planeta.
No meio do caos, eu penso: sou boa em tantas coisas.
Eu escrevo crônicas, toco violão, faço um bolo de cenoura digno de aplausos.
Sou mãe, empreendedora, estudante e, olha, até formada já sou!
Mas Python insiste em me provar que humildade é uma virtude.
E ainda tem aquele momento do drama final:
olho pro professor, depois de 1h40 de prova, e confesso —
“Professor, dessa vez nada completou… os códigos não lêem.”
Ele sorri, eu engulo o choro e salvo o arquivo:
tentativa_final_vai_agora_sim_por_favor.txt.
Saio da sala com a sensação de derrota e esperança ao mesmo tempo.
Porque amanhã é outro dia.
E se a vida é um grande try... except, eu sigo no try, com café, coragem e duas crianças que me esperam em casa gritando:
“Mamãe, cadê o tablet?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário