Faço 32.
E talvez eu tenha descoberto a vida só agora. É curioso, porque até então eu achava que estava vivendo — mas não, eu apenas cumpria etapas, riscava listas, atravessava dias. Quem me ensinou o que é viver de verdade foram eles: meus filhos. Foram os olhos deles que me mostraram que a vida também tem cheiro de bolo quente, tem cor de pôr do sol e tem a leveza de uma gargalhada que escapa sem pedir licença.
Com eles eu aprendi que viver não é suportar. Viver é sentir. É se permitir. É sonhar de novo.
E por eles eu sou capaz de tudo. Até de recomeçar os sonhos que eu tinha deixado esquecidos num canto da gaveta.
Hoje, aos 32, eu me permito escrever em voz alta aquilo que pulsa dentro de mim:
EU QUERO PROVAR AS PARTES MAIS GOSTOSAS DESSA VIDA POIS É A MINHA PRIMEIRA VEZ VIVENDO ELA. EU MEREÇO TANTO E, APESAR DE TER ESSE FRIO NA BARRIGA COM O ENVELHECER, EU NÃO QUERO OLHAR PARA TRÁS EM VINTE ANOS E ME ARREPENDER DE NÃO TER VIVIDO A VIDA QUE EU SEMPRE QUIS E SONHEI VIVER.
Sim, eu tenho medo. Mas o medo só confirma que estou no caminho certo: o da coragem.
Porque coragem é isso — andar com frio na barriga, mas andar.
Aos 32, eu não quero prometer perfeição, só quero prometer presença. Quero estar inteira nos abraços, nas conversas, nos encontros, nas danças improvisadas da sala. Quero me rir mais. Quero dizer mais “sim” para o que me aquece e mais “não” para o que me apaga.
Esse é o presente que me dou: a permissão de viver a vida com doçura.
E que venham os próximos anos. Porque agora, sim, eu estou aqui de verdade.