sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Quando as palavras não têm mais toque

O amor não termina gritando. Nem quebrando porta. Nem com alguém saindo de mala na mão e drama no corredor.


O amor termina no silêncio.


Termina quando as palavras ainda existem — mas perderam o tato.

Já não tocam, não arrepiam, não fazem falta quando não vêm.


O amor acaba assim, meio sem aviso.

De repente o “bom dia” vira rotina, o “cheguei” não importa.

E o “te amo”? Ah, esse vira concessão.

Vira vírgula entre tarefas, protocolo, vício de quem não quer encarar o vácuo de um “nada mais a dizer”.


Porque o amor, de verdade, precisa de corpo nas palavras.

Precisa de mãos que falem. De olhos que escutem.

De frases que encostem como abraço.

O amor não sobrevive só de som. Tem que ter pele, cheiro, riso entre as linhas.


E quando a gente começa a responder no automático, quando um “tá” já substitui um “tô aqui contigo”,

quando a mensagem é só mensagem e não mais presença,

é porque o amor…

foi embora e esqueceu de fechar a porta.

O amor não morre de repente.

Ele morre aos poucos, sem alarde.

Morre de tédio, de ausência, de toque que não vem,

de palavras que não sabem mais tocar.


E aí, não adianta gritar.

Porque já não tem ninguém pra escutar.


Nenhum comentário: