O amor não termina gritando. Nem quebrando porta. Nem com alguém saindo de mala na mão e drama no corredor.
O amor termina no silêncio.
Termina quando as palavras ainda existem — mas perderam o tato.
Já não tocam, não arrepiam, não fazem falta quando não vêm.
O amor acaba assim, meio sem aviso.
De repente o “bom dia” vira rotina, o “cheguei” não importa.
E o “te amo”? Ah, esse vira concessão.
Vira vírgula entre tarefas, protocolo, vício de quem não quer encarar o vácuo de um “nada mais a dizer”.
Porque o amor, de verdade, precisa de corpo nas palavras.
Precisa de mãos que falem. De olhos que escutem.
De frases que encostem como abraço.
O amor não sobrevive só de som. Tem que ter pele, cheiro, riso entre as linhas.
E quando a gente começa a responder no automático, quando um “tá” já substitui um “tô aqui contigo”,
quando a mensagem é só mensagem e não mais presença,
é porque o amor…
foi embora e esqueceu de fechar a porta.
O amor não morre de repente.
Ele morre aos poucos, sem alarde.
Morre de tédio, de ausência, de toque que não vem,
de palavras que não sabem mais tocar.
E aí, não adianta gritar.
Porque já não tem ninguém pra escutar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário