segunda-feira, 26 de maio de 2025

“Você é meu suficiente, mamãe.”



Tem três semanas que tento escrever sobre isso.

Abro o caderno, encaro a tela… mas as palavras escapam. Talvez porque ainda estejam presas no nó que se formou no meu peito naquele dia.


Meu filho de 5 anos não quis ficar na escola. Era o segundo episódio da semana. Tentei conversar, argumentar, oferecer segurança. Insisti com carinho, e ele ficou. Mas meu coração ficou inquieto.


No fim do dia, fomos juntos pra casa, e perguntei o que estava acontecendo. Queria entender a causa, o medo, a tristeza por trás daquela resistência. E então ele respondeu, com a doçura e a verdade crua que só uma criança é capaz:


— “É porque você é meu suficiente, mamãe.”


Eu congelei.

Fiquei sem chão.

Um milhão de coisas passaram pela minha cabeça — mas nenhuma tão forte quanto aquela frase.


A gente passa a vida tentando ser suficiente. No trabalho, em casa, na vida. E quando se é mãe, o “ser suficiente” vira meta, cobrança, culpa.

E ele, tão pequeno, me disse que já sou.

Sem esforço. Sem teste. Sem currículo.


Sou o suficiente pra ele.

Sou o lugar seguro. O colo que ele quer. A presença que basta.


Me emocionei. E naquele momento, olhei nos olhos dele e disse:

— “Sempre que sentir saudade, coloca a mão no peito… a mamãe está aqui fazendo tum tum. Tá vendo? É meu coração batendo por você.”


Ele sorriu. E eu sorri também, com o peito apertado e cheio.


Foi bonito. Foi duro também.

Porque ser o suficiente pra alguém é lindo, mas também é um lembrete:

de que eles precisam da gente. De verdade.


E que às vezes, mesmo com toda a rotina, toda a correria, tudo que temos pra fazer, o que eles querem é só isso — a gente. Inteira.


Não sei se algum texto faria jus àquele momento.

Talvez nenhum consiga traduzir exatamente o que senti.

Mas agora, escrevendo, percebo:

essa frase vai morar em mim pra sempre.


"Você é meu suficiente, mamãe."

E eu sou.

Mesmo cansada. Mesmo em dúvida. Mesmo

 aprendendo.

Sou.

E isso… é tudo.


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