Tem três semanas que tento escrever sobre isso.
Abro o caderno, encaro a tela… mas as palavras escapam. Talvez porque ainda estejam presas no nó que se formou no meu peito naquele dia.
Meu filho de 5 anos não quis ficar na escola. Era o segundo episódio da semana. Tentei conversar, argumentar, oferecer segurança. Insisti com carinho, e ele ficou. Mas meu coração ficou inquieto.
No fim do dia, fomos juntos pra casa, e perguntei o que estava acontecendo. Queria entender a causa, o medo, a tristeza por trás daquela resistência. E então ele respondeu, com a doçura e a verdade crua que só uma criança é capaz:
— “É porque você é meu suficiente, mamãe.”
Eu congelei.
Fiquei sem chão.
Um milhão de coisas passaram pela minha cabeça — mas nenhuma tão forte quanto aquela frase.
A gente passa a vida tentando ser suficiente. No trabalho, em casa, na vida. E quando se é mãe, o “ser suficiente” vira meta, cobrança, culpa.
E ele, tão pequeno, me disse que já sou.
Sem esforço. Sem teste. Sem currículo.
Sou o suficiente pra ele.
Sou o lugar seguro. O colo que ele quer. A presença que basta.
Me emocionei. E naquele momento, olhei nos olhos dele e disse:
— “Sempre que sentir saudade, coloca a mão no peito… a mamãe está aqui fazendo tum tum. Tá vendo? É meu coração batendo por você.”
Ele sorriu. E eu sorri também, com o peito apertado e cheio.
Foi bonito. Foi duro também.
Porque ser o suficiente pra alguém é lindo, mas também é um lembrete:
de que eles precisam da gente. De verdade.
E que às vezes, mesmo com toda a rotina, toda a correria, tudo que temos pra fazer, o que eles querem é só isso — a gente. Inteira.
Não sei se algum texto faria jus àquele momento.
Talvez nenhum consiga traduzir exatamente o que senti.
Mas agora, escrevendo, percebo:
essa frase vai morar em mim pra sempre.
"Você é meu suficiente, mamãe."
E eu sou.
Mesmo cansada. Mesmo em dúvida. Mesmo
aprendendo.
Sou.
E isso… é tudo.
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