A recente tragédia do balão em Praia Grande, Santa Catarina, deixou marcas profundas no ar e nos corações: entre 21 pessoas a bordo, oito morreram e 13 sobreviveram, após um incêndio no cesto durante o voo turístico . Vítimas com sonhos, projetos, histórias — como médicos, professores, casais em viagem, todos em busca de emoção e aventura no céu.
É difícil não sentir a brevidade da vida nesse momento, perceber como projetos e planos podem ser interrompidos em um instante. Essas pessoas estavam desfrutando pequenas grandes alegrias — o vento cortando o rosto, a paisagem lá embaixo, o riso solto. Eram sonhos pairando, literalmente, nos céus.
E, diante disso, me vem uma imagem poderosa na mente: a vida é frágil como um balão, leve como um sopro, e preciosa como cada segundo que respiramos. Que possamos aprender com eles a viver sem deixar para depois, a buscar a alegria com equilíbrio, a cuidar uns dos outros — e a celebrar cada amanhecer como uma nova asa em nossas próprias aventuras.
Eles queriam viver.
E viver, às vezes, é isso: sair cedo de casa com o coração acelerado, empolgado com o frio na barriga de algo novo — de algo tão simbólico quanto voar.
Eles queriam colecionar memórias.
Quem sabe era um presente de aniversário, uma celebração entre amigos, um pedido de casamento sonhado. Havia ali sonhos que nem chegaram a ser compartilhados, sorrisos que não tiveram tempo de ser fotografados, histórias que acabaram interrompidas no meio do voo.
E, no entanto, é impossível falar de tragédias sem falar também do que nos resta:
A memória.
A lembrança de que a vida é sempre hoje.
Que os abraços não dados, os planos adiados, os “depois a gente vê” podem não encontrar o tempo que esperavam.
Que a rotina que nos consome pode, num piscar de olhos, deixar de existir — e tudo o que fica é o que fizemos com os nossos dias.
O balão caiu, sim.
Mas lá no alto havia coragem.
Havia amor.
Havia vontade de ver o mundo de outro ângulo.
E que isso não se perca.
Que a dor se transforme em presença.
Que o medo nos ensine sobre valor.
E que a brevidade da vida não nos paralise — mas nos desperte.
Porque, no fundo, viver é saber que não temos controle algum, mas ainda assim escolher embarcar, olhar para o céu, e dizer com o coração cheio: valeu a pena tentar voar.
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