Tem dias — ou semanas, talvez — em que a gente sente que o mundo continua girando lá fora, mas aqui dentro tudo desacelerou.
Não é tristeza. Não é exatamente cansaço.
É outra coisa.
É como se o corpo inteiro pedisse uma pausa.
E a mente, mesmo agitada, começasse a falar mais baixo.
A atenção escapa, o foco se dissolve, o tempo parece mais longo. Até o tédio, de leve, visita.
Eu tenho estado assim.
Mais introspectiva, mais calada, mais dentro de mim.
E não sei se é o corpo falando — talvez sejam os hormônios bagunçados, talvez seja o tal do implante tentando ensinar uma nova dança biológica.
Ou talvez seja só a vida dizendo: senta, respira, olha pra você.
Esses momentos não vêm com avisos.
Eles interrompem sem bater na porta.
E, quando chegam, a gente se pergunta: “O que tá acontecendo comigo?”
Mas talvez não esteja acontecendo nada de errado.
Talvez esse seja só um período de pouso.
Sabe passarinho que voa demais e precisa parar no galho um pouco antes de seguir?
É isso.
Não é falta de produtividade.
É presença.
Ainda que esquisita, ainda que confusa.
Não é fraqueza.
É o corpo pedindo um minuto pra recalibrar.
E eu quis escrever isso pra você que, talvez, também esteja se sentindo meio estranha, meio dispersa, meio fora do ar.
Talvez seu corpo também esteja te puxando pra dentro.
Não pra te prender, mas pra te lembrar que você não é só tarefa, não é só entrega, não é só o que você faz pelos outros.
Você também é o que sente.
O que silencia.
O que observa quando ninguém está olhando.
Não se apresse.
Nem se cobre entender tudo agora.
Às vezes, o mais bonito que podemos fazer é simplesmente respeitar o tempo do nosso corpo.
E confiar que, mesmo em silêncio, a gente continua florescendo.
Devagar.
Mas viva.
Sempre viva.
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