Chegamos naquela fase curiosa — e engraçadíssima — em que todo mundo, sem exceção, olha para meus filhos e pergunta com a maior naturalidade do mundo:
— “São gêmeos?”
E eu, já com uma resposta ensaiada e um sorriso no canto do rosto, explico que não: Nael tem 5, Naeli tem 3. Dois anos exatos de diferença. E então vem o olhar de surpresa, seguido de um “Nossa, parecem tanto!”
E olha… até parecem mesmo.
Não só no tamanho — que já começa a se equilibrar — mas nas birras sincronizadas, nas vontades que surgem ao mesmo tempo, nas manias herdadas um do outro, nas conversas onde só eles se entendem e se apoiam, como se fossem aliados num plano secreto chamado “vamos deixar a mamãe maluca de amor e de cansaço”.
E por mais que eu saiba que não são gêmeos, às vezes me pego olhando para os dois e pensando que o universo fez uma dobradinha muito bem feita. São tão diferentes, mas têm um jeito de se completar que emociona. Quando um chora, o outro consola (ou chora junto). Quando um ri, o outro ri ainda mais alto. Quando um quer o brinquedo do outro… bem, aí é guerra — mas uma guerra cheia de amor por baixo da gritaria.
Esse ano, mais uma vez, decidimos fazer o aniversário dos dois juntos. Uma festa dupla, colorida, barulhenta e linda. Só que com dois temas diferentes: de um lado, unicórnios, cheios de brilho e magia; do outro, Hot Wheels, com rampas radicais e carrinhos por toda parte. Foi como se o arco-íris tivesse batido de frente com uma pista de corrida — e funcionou perfeitamente.
Nael completou 5. Está cheio de perguntas complexas, argumentos convincentes e uma alma de inventor. Naeli fez 3. Doce, determinada, cheia de afeto e de decisões firmes para uma pessoa tão pequena.
Na festa, ele ajudou a irmã a apagar as velas dela. Foi um sopro coletivo de carinho. E ela sorriu, orgulhosa do irmão mais velho e cúmplice.
E eu ali, no meio de tudo, com os olhos cheios d’água e o coração explodindo de amor por esses dois seres tão incríveis e intensos.
Talvez eles não sejam gêmeos de nascença, mas são gêmeos de alma. Parceiros de vida, irmãos de travessura, cúmplices de infância. E eu? Eu sigo aqui, vivendo o privilégio — e a loucura — de ser mãe em dobro, em uma casa onde o amor vem sempre aos pares.
Mesmo com dois anos de diferença. Mesmo com temas separados. Porque, na prática, eles são juntos. Sempre.